Encontrar igualdade no mercado de trabalho não é fácil. No empreendedorismo também não, mas ainda acho que é mais fácil.
Não foram poucas as vezes que me deparei com um olhar desconfiado ou um comentário machista ao longo da minha jornada profissional. Ainda encontro.
Apesar do protagonismo das mulheres no cenário do empreendedorismo, quando você precisa dialogar com um público masculino – seja ele seu fornecedor, cliente ou concorrente – muitas vezes acaba enfrentando situações em que a desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho fica evidente.
Nós ainda precisamos matar um leão por dia para conquistar cada vez mais confiança e autoridade no mundo dos negócios. Isto porque a desigualdade ainda predomina.
Os avanços ao longo das últimas décadas são inegáveis.
Temos cada vez mais histórias de sucesso de mulheres que foram alçadas a cargos de liderança. Além disso, algumas características mais recorrentemente femininas têm sido reconhecidas e valorizadas no mercado de trabalho. Dentre elas estão a capacidade de fazer mil coisas ao mesmo tempo e a maior facilidade para conviver em grupo. Ainda assim, falta muito para nos igualarmos a eles em relação a salário e oportunidades.
No que se refere às questões mais óbvias dessa desigualdade de gênero no mercado de trabalho, um estudo recente publicado pela Oxfam, com base em dados do Fórum Econômico Mundial, afirma que serão necessários 217 anos para que nós possamos alcançar as mesmas condições que são oferecidas a eles. Dá para acreditar: 217 anos!!! Leia mais sobre o tema no Brasil aqui
“Tinha que ser mulher”
Quantas vezes você já não ouviu essa frase ou, até mesmo, chegou a dizê-la, por força do hábito?
Primeiro passo
Precisamos desmasculinizar o mercado de trabalho, mas, antes disso, precisamos nos unir para desmasculinizar o mundo!
Se até mesmo dirigir um carro ainda gera esse tipo de comentário sobre as mulheres, simplesmente por estarem desempenhando algo considerado uma “função de homem” no passado, o que nós não iremos enfrentar no dia a dia em reuniões e eventos no mundo executivo, não é mesmo?
Há alguns anos me contaram uma história sobre um funcionário que chegou a pedir demissão porque não aceitava ter uma mulher como chefe. Certamente as mudanças que já conseguimos colocar em curso poderiam influenciar uma mudança de mentalidade dessa pessoa nos dias atuais. Infelizmente, sabemos que elas ainda não são suficientes para tornar uma situação como essa algo impossível de se imaginar.
Estamos evoluindo na igualdade no mercado de trabalho
É evidente que os números apontam que estamos caminhando para uma feminização do mercado de trabalho.
Estamos participando cada vez mais de diversas atividades masculinas e até mesmo em cargos de liderança. Porém, é importante observarmos que essa inserção profissional feminina não veio necessariamente acompanhada de uma maior divisão de tarefas em casa, por exemplo.
As mulheres seguem como principais responsáveis pelos cuidados e educação dos filhos, pela manutenção e organização de suas casas… Ufa! Como sempre, nós precisamos nos desdobrar em muitas para dar conta de todos os papeis que nos são atribuídos socialmente.
Outro ponto diz respeito ao preconceito sofrido por mulheres que trabalham em profissões essencialmente masculinas.
Até pouco tempo era incomum que elas conseguissem imprimir em suas rotinas de trabalho características femininas. Além disso, era preciso adotar uma postura masculinizada diante de certas questões para serem tratadas com respeito, mas isso também está mudando, felizmente.
E é praticando pequenas mudanças de hábito que vamos transformando a realidade das mulheres no mercado.
A autoconfiança é fundamental para todas nós, seja no ambiente executivo ou para as que estão empreendendo. Além disso, para alimentá-la é importante estarmos sempre atualizadas, nos sentindo seguras e dispostas a encarar novos desafios.
Também é fundamental mantermos o networking em dia (já dei dicas sobre isso num post anterior, confere aqui!) e incluirmos os homens em nossos diálogos e trocas de experiência. Afinal, a ideia é construir um mundo com igualdade no mercado de trabalho para todos e não um clube da Luluzinha, não é mesmo?
Então tome fôlego e vamos juntas em frente, porque ainda tem muita coisa para melhorarmos por aí!
Gláucia Coutinho
Eu sou a Gláucia Coutinho, advogada, coach e especialista em finanças pessoais e investimentos. Sou apaixonada pelo comportamento humano e como ele pode ajudar ou prejudicar o nosso sucesso financeiro.